"Dias de Lua" é, sobretudo, um livro sobre a natureza humana e as insatisfações geradas pela mesmice cotidiana, explorando o limite entre o ponderável e o insano na busca por uma autorealização muitas vezes utópica. A obra apresenta conflitos, tensões, dramas existenciais e angústias em um cenário emblemático e desolador.

Gaspar é um homem peculiar. Por trás de seu aparente autocontrole e sua vida tranquila, há uma insatisfação doentia pelo que o cotidiano lhe proporciona. É rabugento e aponta o que ele próprio considera defeitos nas pessoas. As atitudes da esposa o incomodam, o namorado da filha o incomoda, a maneira como as pessoas encaram a vida o incomoda, e até os nomes da esposa e da filha o incomodam. No entanto, tudo piora quando Gaspar perde o emprego. Sem nenhuma explicação, é demitido da empresa à qual se dedicou por quase metade da vida. Sem emprego e com a dignidade abalada, ele conhece Damiana, uma idosa que, não fosse por sua ajuda, teria a aposentadoria roubada no famoso “golpe do bilhete premiado”. Após seu envolvimento casual com a idosa, Gaspar terá sua vida, já problemática, subvertida por uma série de eventos dramáticos: Damiana vive em um bairro pobre na companhia da neta Jéssica, uma jovem que acaba de sair da adolescência e dorme fora de casa quase todas as noites. Sem emprego e propósitos definidos, Gaspar decide “cuidar” das duas e logo se sente incomodado com a postura da moça. A partir daí sua vida trilhará um caminho obscuro e imprevisível. “Dias de Lua” é, ao mesmo tempo, um romance sobre a natureza humana e as consequências desastrosas geradas por decisões equivocadas.